Friday, March 28, 2008

As boas e as más perguntas

O editorial de José Manuel Fernandes [JMF] hoje no "Público" contém questões importantes a que a lei do PS sobre o divórcio deve saber responder na sua versão final. Não só não podemos deixar de falar de "deveres" no casamento - pelo que só ficariam os "direitos"; mas se há "direitos", então tem que haver deveres da outra parte, logicamente, senão andamos só a brincar às palavras - como o princípio orientador que o editorialista invoca - o «legislador [deve] tratar de proteger o elo mais fraco num contrato» - é de bom senso. Sabendo que muitas vezes o elo mais fraco (financeira/laboralmente falando, claro) nesta relação costuma ser a mulher - como Vasco Pulido Valente também lembra com oportunidade -, é preciso acautelar situações que ameacem deixar desprotegido aquele que é o elemento com menos autonomia social e económica.
É pena que JMF não veja o mesmo princípio - o da protecção dos mais fracos - como válido para julgar outras leis ou outros contratos, como, por exemplo, na esfera laboral, onde as pessoas, por norma, não se podem dar ao luxo de deixar de entrar - ao contrário do casamento, que, afinal de contas, «ninguém é obrigado a celebrar».

Por outro lado, há coisas que é difícil ler sem perder a calma, como as palavras do bispo D.Jorge Ortiga ao DN, que afirma que «[n]ão há amor sem sofrimento e sem dor», ou do padre Duarte da Cunha, que critica nesta lei uma «sentimentalização excessiva do amor». A única pergunta que me apetece fazer é: quem são estes senhores para vir ditar leis sobre o que o amor é ou devia ser? Sabem eles realmente do que falam? O que interessa para a vida real a sua interpretação escolástica do "conceito"?

Wednesday, March 26, 2008

Por outras bandas

Uma discussão importante aqui.

Tuesday, March 25, 2008

Prémio Ignóbil

Depois do vídeo do Youtube da semana passada sobre o que se passou na Escola Secundária Carolina Michaelis - onde no final dos anos 80, aliás, fiz o 8.º e o 9.º ano de escolaridade -, muito se escreveu sobre a "violência na escola".
Nestas coisas, as opiniões bárbaras superam sempre as análises equilibradas de um tema difícil - difícil de analisar e difícil de resolver.
Mas acho difícil alguém bater este extraordinário - em termos do ridículo a que chega e da demagogia que usa - artigo de Mário Crespo.

Thursday, March 20, 2008

Untitled


Mark Rothko, 1957

«É o estalinismo, estúpido!»

Quem lê os editoriais do 'Público' com alguma regularidade deve achar que Portugal caminha perigosamente para algo próximo da URSS. José Manuel Fernandes (JMF) tem mesmo um problema com o "estalinismo", o "bolchevismo", o "socialismo científico" e, claro, obviamente, naturalmente, a "Revolução Francesa".

JMF podia era lidar um pouco melhor com esse problema, em vez de distribuir semelhantes epítetos dia-sim-dia-não a quem não segue as políticas que o director do 'Público' - ou os seus superiores (estalinistas?) - prefere(m). Quando discorda de alguma coisa, a sua explicação é simples: é o estalinismo, estúpido.

O que é esforço de coordenação de energias e acções no exercício da responsabilidade política para uns, pode ser sempre 'estalinismo' para outros. Basta viver obcecado em encontrar indícios de que o crime foi cometido.

Eu aposto que a redacção do 'Público' funciona em auto-gestão. E se calhar é isso mesmo que explica erros (ou mentiras?) como este.