Showing posts with label Partido Socialista Francês. Show all posts
Showing posts with label Partido Socialista Francês. Show all posts

Friday, January 4, 2008

Ainda a esquerda socialista francesa II

Vale a pena ler a entrevista no 'Le Point' de Fadele Amara, Secretária de Estado para a Política da Cidade no governo de François Fillon que Sarkozy, na sua estratégia de 'abertura', foi recrutar à esquerda - em particular as suas considerações sobre o Partido Socialista Francês.

Excertos:

«Le Point : Etes-vous toujours socialiste ?
Fadela Amara : Oui, mais je ne suis plus adhérente parce que le PS me désespère. Je respecte les militants, je connais la force de leurs convictions et de leur engagement. En revanche, la direction du PS a abandonné ses combats. C'est le parti des bien planqués, ceux qui pensent qu'habiter le 16e, c'est habiter la France. Cette direction s'est éloignée des classes populaires, des ouvriers, des immigrés, des femmes. Elle ne s'intéresse plus aux gens comme moi, mais seulement aux bobos. Elle n'est plus dans le progrès social, elle n'est que dans la gestion de carrière des uns et des autres.

[...]
Que faut-il au PS pour repartir de l'avant ?
Un tsunami ! Le PS doit ébranler ses fondations pour construire un parti progressiste. Cela passe par une révolution idéologique. D'abord, selon moi, le PS doit trancher clairement entre la social-démocratie et la gauche de la gauche. Quand il aura affirmé son identité, il pourra reconstruire une nouvelle force avec la justice sociale pour trame. Les socialistes doivent aussi accepter sans ambiguïté l'économie de marché, tout en disant que le politique peut réguler l'économie, contrairement à ce que pensait Jospin. Je souhaite qu'il y ait une opposition forte dans mon pays.»


Mais interessante ainda é como termina a entrevista, quando lhe perguntam o que fará nas próximas eleições:

Vous ne voterez donc pas Sarkozy ?
Non, et il le sait !

Ainda a esquerda socialista francesa


Antes que as eleições americanas de 2008 façam esquecer o ano eleitoral e o combate partidário francês de 2007, vale a pena deixar a referência de um livro que parece ir de encontro a muito do que fui escrevendo sobre a esquerda francesa aqui e n'A Vez do Peão nos últimos meses, e em particular sobre o Partido Socialista Francês: Rénover le Parti socialiste, un défi impossible?, de Laurent Baumel (Paris, Ed. L'Encyclopédie du socialisme. 125 p.). Ver esta recensão no 'Le Monde'.

Friday, September 28, 2007

Presente envenenado?

Ontem:
«(...) Enfin, le socialisme de l’émancipation est le « projet » de DSK, son socialisme du XXIème siècle. N’ayons pas peur des mots. Il s’agit dorénavant d’agir a priori, d’attaquer les inégalités à la racine, avant même qu’elles ne se créent. Cette lutte est fondée sur un principe simple : il faut donner plus à ceux qui ont moins. Donner plus de capital public à ceux qui ont moins de capital social. C’est un grand retour aux services publics que nous proposons : le socialisme de l’émancipation passe par des réformes novatrices en matière d’éducation, de logement, d’urbanisme, de santé. Socialisme de la redistribution, socialisme de la production, socialisme de l’émancipation : voilà les trois piliers sur lesquels DSK veut bâtir la social-démocratie française. Le réformisme de gauche n’est pas condamné à l’accompagnement social du libéralisme. Il peut et doit être un « réformisme radical ». Ses adversaires de la gauche n’ont qu’à bien se tenir !»

Hoje:

Vamos ver como é que DSK, esse "socialista da emancipação", se porta à frente do FMI...Descontando a ironia, já fico contente por DSK não estar em Paris para boicotar a estretégia futura de Ségolène à frente do Partido Socialista Francês.

Wednesday, July 4, 2007

Porque a esquerda francesa vai demorar muito tempo a regressar ao poder?

Porque o governo de François Fillon vai ocupar todo o espaço político eleitoralmente relevante, dado que se prepara para tomar uma série de medidas bastante ao centro, tocando mesmo o centro-esquerda (ver excerto da notícia do "Público on-line"). E vai deixar o Partido Socialista Francês sem espaço para respirar, vendo o centro-direita tomar medidas que devia ser ele a adoptar, se estivesse no poder. Pela enésima vez desde 1958.

No mesmo espírito de reforma, Fillon anunciou um aumento das dotações para as universidades – que classificou como a sua "prioridade absoluta" –, elevando para cinco mil milhões de euros o investimento no ensino superior até 2012. "Queremos reformar a universidade francesa e fazer das nossas escolas pólos de excelência, dispondo de real autonomia, financeiramente responsáveis e pedagogicamente melhoradas", afirmou, dizendo esperar que nos próximos anos seja possível que 50 por cento dos jovens franceses obtenham um diploma do superior. O Governo pretende também aumentar o investimento na investigação para três por cento do PIB – nível considerado desejável pela UE. "Não serei dos que sacrificam a investigação essencial sob pretexto de que ela é improdutiva a curto prazo", justificou, lembrando que França tem vindo a perder terreno nesta área para outros países europeus. A construção de 120 mil habitações sociais por ano, a aposta na formação profissional e um plano para os bairros considerados difíceis foram outras das promessas feitas pelo novo primeiro-ministro na intervenção no Parlamento, durante o qual confirmou que o Governo irá aplicar o princípio da admissão de um único funcionário por cada dois que se reformem.

Sunday, May 6, 2007

E agora?

Sarkozy foi eleito. Ainda restam as legislativas de Junho, mas não é expectável que saia grande coisa para a esquerda.
Resta o futuro. E resta esperar que a esquerda francesa - o PSF e a gauche de la gauche (seja lá o que isto quer dizer) - compreenda porque é que, quando chegarmos a 2012, no fim do (primeiro?) mandato Sarkozy, e tiverem passado 54 anos da fundação da V República, a esquerda só tenha tido um presidente durante 14 deles (1981-1995, com Mitterrand): apenas um pouco mais de um quarto do tempo.
Sarkozy ganhou porque tinha um programa ajustado a diferentes sectores do eleitorado: liberalismo para os ricos e empresários, autoridade e moral para as classes populares conservadoras (e algumas delas ex-PCF e que entretanto se tinham passado para Le Pen), promessa de firmeza, junto das classes médias à deriva, que acabaria a "vida fácil" para os "assistidos" e os usurpadores da lei pela violência. Para os que pensam que basta gritar “precaridade!” para que a consciência das pessoas vire à esquerda, convém lembrar que, perante esse mesmo grito de guerra, as classes médias podem muito simplesmente virar à direita, por sentirem precisamente que o seu estatuto fragilizado se defende fazendo uma aliança para cima, com os ricos, e não para baixo, com os pobres – os mesmos que, se o Estado social for demasiado generoso, pensam eles, poderão potencialmente morder os seus calcanhares - e dos seus filhos. Perante o grito da precariedade, as classes médias podem simplesmente colocar os seus filhos nas escolas privadas em vez das públicas; fazer seguros privados de saúde; aceitar o fim do welfare as we know it e a sua substituição pelo workfare; concordar com o reforçar das medidas de tolerância zero para os que Sarkozy chamou racaille. Convém pensar nestas consequências não-pretendidas de slogans e causas que à esquerda, podem fazer sentido e são legítimos, mas são que interpretadas de outra forma por quem não está particularmente preocupado com os mais desfavorecidos – pelo contrário. É por isso que é tão importante, ao mesmo tempo que se lançam os slogans e as causas, se façam propostas construtivas exequíveis – em caso contrário, essas causas podem simplesmente ser apropriadas by the wrong people, with the wrong ideas, voting for the wrong guy.
Será isto populismo por parte de Sarkozy? Talvez seja, sim. Mas é a prova que resulta eleitoralmente - ao contrário do populismo de esquerda. É preciso perceber porquê, e por que motivo, à esquerda, não vale a pena continuar com mesma retórica de sempre.
A esquerda francesa gosta de olhar com superioridade moral e ideológica para o New Labour de Blair. Pois bem, comparemos as situações: Blair vai sair agora, pelo próprio pé, depois de ter estado 10 anos no poder. A sua "terceira via" tem muitos buracos, sim, mas pelo menos foi uma plataforma ideológica minimamente coerente que lhe permitiu acabar com 18 anos de poder conservador e trazer novas ideias para a esquerda europeia. Não precisamos de concordar com todas elas para reconhecer isto. Convenhamos que, em democracia, estar no poder conta um bocadinho. Mesmo que, para tal, seja necessário convencer os eleitores - mesmo que à custa das tão heréticas "cedências". É que não é a história política, os livros-fetiche ou a ideias românticas que votam. São os eleitores.

Um Maquiavel precisa-se para a esquerda francesa.

P.S. - "C'est un très grave défaite pour la gauche, affirme Dominique Strauss-Kahn, sur TF1, citant une "troisième défaite" à la présidentielle. Il dit qu'il partage "l'inquiétude" de certains Français après l'élection de M. Sarkozy. Il salue le "combat courageux" de Ségolène Royal. "Jamais la gauche n'a été aussi aussi faible au premier tour, répète-t-il. Pourquoi ? Parce que la gauche française n'a toujours pas fait sa rénovation."

Vindo de quem vem, é preciso ter descaramento!