António Costa quer estimular uso de bicicletas em Lisboa.
Lisboa não é uma cidade tão plana como Barcelona ou Paris ou Amsterdão ou Edimburgo - cidades onde já tive a oportunidade e sorte de andar de bicicleta -, mas não é preciso muito boa vontade para reconhecer, que em certas áreas da cidade, seria perfeitamente possível procurar implementar - ou aumentar - o uso das bicicletas. Não causaria nenhuma estrondosa revolução no volume do tráfego automóvel nem na qualidade no ar, mas ajudaria um pouco a melhorar a qualidade de vida. Já discuti, com os meus amigos do Peão, esta questão há uns meses, e foram feitas algumas propostas interessantes.
Mas mais importante do que isto é pensar o que fazer para resolver o complicado problema do trânsito. A ideia de uma portagem à entrada de Lisboa, um pouco à semelhança do que foi feito em Londres, seria uma hipótese, mas talvez seja uma penalização excessiva para quem vive fora do seu perímetro. Seja qual for a solução (ou soluções) adoptada(s), a melhoria na qualidade e quantidade nos transportes públicos é absolutamente obrigatória.
É importante perceber o que se passou em Londres (indepentemente do mérito da solução adoptada, conhecida como congestion charge), onde pessoas que estavam mais do que habituadas a usar o carro começaram a mudar, lentamente, os seus hábitos e chegaram, ao fim de algum tempo, à conclusão que não era assim tão difícil abandonar o transporte individual para passar a usar de forma regular os transportes públicos.
E seria também interessante explorar as oportunidades que o que Jeremy Rifkin chama Age of Access pode trazer para a melhoria da qualidade de vida individual e colectiva. Rifkin especula que estamos a entrar numa era em que a posse dos bens está a dar lugar ao seu aluguer: ou seja, não é tanto a propriedade que conta, mas a capacidade de acesso a bens e serviços que orienta(rá) o comportamento do consumidor e estimula(rá) o fornecimento de serviços pelas empresas. Num exemplo adequado ao problema em discussão, seria, assim, cada vez mais fácil, barato e atractivo alugar um carro num esquema flexível, eventualmente partilhando-o com outros, do que comprá-lo para uso individual (e/ou familiar); para isto, em inúmeros países e cidades já existem club-sharing cars.
Serviços deste tipo, feitos à medida dos interesses personalizados de cada um - e que estão absolutamente banalizados no aluguer de filmes, por exemplo, mas que se começam a ver no uso das bicicletas, em algumas cidades, pelo menos (como vi, por exemplo, em Lyon) -, podem servir não apenas para melhorar a qualidade de vida individual e colectiva em inúmeras áreas, mas também, quem sabe, para mudar as mentalidades, talvez no sentido de um "novo colectivismo" ou, pelo menos, de novas práticas cooperantes, talvez em detrimento do tal individualismo possessivo que, sendo em inúneras coisas individualmente racional, pode gerar tantas irracionalidades colectivas.
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