Wednesday, June 13, 2007
Nota sobre Rorty
Infelizmente estou com pouco tempo, porque gostava de escrever algo mais longo e sustentado sobre Richard Rorty. Há poucos livros dele traduzidos para português - com destaque para o Contingência, Ironia e Solidariedade, da Presença, que é uma bela obra -, mas, do ponto de vista político, falta traduzir as duas que melhor porventura retratam a mensagem política da sua filosofia: Philosophy and Social Hope (1999, Penguin Books), que é uma colectânea de excelentes ensaios, e Achieving Our Country (1999, Harvard University Press), que é um livro cheio de energia sobre o estado actual e o que devia ser/fazer a esquerda americana, em particular a de inclinações académicas, e sobretudo aquela mais seduzidas pelas coisas do pós-modernismo. Apesar da sua admiração filosófica por autores como Wittgenstein, Heidegger, Foucault ou Derrida - politicamente conservadores ou radicais, mas com poucos political brains -, e apesar de algumas das suas teses se prestarem a uma apropriação idealista e pós-moderna (convenhamos que uma filosofia que se constrói em torno da apologia da contínua "redescrição" do nosso "vocabulário" corre esse risco), Rorty era um homem da esquerda, mais preocupado com o que acontecia aos trabalhadores norte-americanos no último quartel do século XX do que com grandes delírios "heideggero-derrideanos". Se há algo a fazer no futuro, é sublinhar a política - democrática, social-democrata, preocupada com o que há de prioritário na vida humana - que decorre da sua filosofia e separá-la daquela que foi praticada (ou imaginada) por alguns dos autores com que Rorty gostava de se associar.
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