Wednesday, May 16, 2007
Yann Tiersen - Les Jours Tristes
Do álbum L'Absente (2001)
Les Jours Tristes
It's hard, hard not to sit on your hands
And bury your head in the sand
Hard not to make other plans
And claim that you've done all you can all along
And life must go on
It's hard, hard to stand up for what's right
And bring home the bacon each night
Hard not to break down and cry
When every idea that you've tried has been wrong
But you must carry on
It's hard but you know it's worth the fight'
Cause you know you've got the truth on your side
When the accusations fly, hold tight
Don't by afraid of what they'll say
Who cares what cowards think, anyway
They will understand one day, one day
It's hard, hard when you're here all alone
And everyone else has gone home
Harder to know right from wrong
When all objectivity's gone
And it's gone
But you still carry on
'Cause you, you are the only one left
And you've got to clean up this mess
You know you'll end up like the rest
Bitter and twisted, unless
You stay strong and you carry on
It's hard but you know it's worth the fight'
Cause you know you've got the truth on your side
When the accusations fly, hold tight
And don't by afraid of what they'll say
Who cares what cowards think, anyway
They will understand one day, one day, one day...
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4 comments:
excelente canção
(não conhecia - nem o autor; pelos próximos dias vou investigar :))
tenho algumas dúvidas relacionadas com o post anterior mas tenho muito pouco tempo e demasiadas dúvidas
em cima do joelho:
num modelo abstracto em que existem dez agentes económicos, se cinco não tiverem capacidade nenhuma para colocar no mercado o que quer que seja que seja suceptível de satisfazer as necessidades dos outros, os cinco "capazes" têm que "desperdiçar recursos para manter a sobrevivência dos cinco "incapazes" em níveis de dignidade
esses recursos, se não existisse esse tipo de preocupações, seriam maximizados em empreendimentos produtivos e provocariam um maior crescimento económico do que em "despesas sociais não produtivas" como as que referi, associadas à sobrevivência com dignidade dos cinco "incapazes"
uma sociedade me que esses cinco fossem eliminados e em que só existissem elementos "eficazes" teria um muito maior potencial de crescimento económico (parece-me)
estou a fazer de advogado do diabo em sentido figurativo e em sentido substancial (conheces-me e sabes que defendo intransigentemente políticas redistributivas radicais)
mas, colocando a ênfase, como colocas, em critérios eficientistas e não em critérios morais, gostaria de ver uma argumentação em sentido contrário à que desenvolvi
abraço
timshel
Olá Timshell,
Hmmmm, vou tentar algumas hipóteses, que não são mutuamente exclusivas. Começo por aqueles que chamarás critérios eficientistas (que eu não separaria por completo dos morais, mas tudo bem)
1. Tornas esses 5 membros o mais produtivos possível (educação, formação, etc., desenvolvimento do capital humano em sentido geral). Dirás que não é desperdício mas investimento, e olhas para a história procurando exemplos a favor (não faltam). Este é o argumento progressista.
2. Tens em conta a eventual utilidade não-mercantil mas passível de influenciar a performance mercantil dos 5 capazes (num exemplo machista mas real: a mulher que não tem skills para entrar no mercado de trabalho mas ao passar as camisas ao marido e ao fazer-lhe as refeições permite-lhe ter tempo livre para trabalhar mais e melhor). No limite, podes procurar elevar a eficiencia da divisão do trabalho: os 5 capazes produzirão mais quanto mais "camisas passaram" os 5 incapazes. Assim os incapazes mostram a sua utilidade. Este é um perigosa ou potencialmente argumento conservador.
Assim de repente, são estes os dois argumentos eficientistas que me lembro agora. Mas não acredito que sejam suficientes. Qualquer política redistributiva envolve opções políticas e morais. Para justificar uma política generosa para com os "incapazes" podes:
4. Argumentar que eles não são responsáveis pelo estado seu de incapacidade (por n motivos possiveis) e que portanto é amplamente justificada a sua protecção (mesmo que isso desvie dinheiro que podia ser usado em investimentos produtivos)
5. Argumentar que, por serem seres humanos (aqui tens uma variante mais essencialista, outra mais empírica, à la Teoria dos Sentimentos Morais do Adam Smith e outros do Scottish Enlightenment que falavam do poder da empatia no reconhecimento dos outros), eles não podem, não é admissível que vivem em certas condições, e que temos, os capazes, obrigações dos os ajudar. Eu não sei se aqui estamos a falar de "justiça" ou da "dignidade" ou ("decência"). Por muito que goste do Ralws, cada vez estou mais convencido que o que é "digno" (ou "decente") tem prioridade, neste nível dos mínimos dos mínimos, sobre o que é "justo" (e muito do que o Rawls diz podia ser perfeitamente reformulado nesta linguagem, em particular a da Avishai Margalit, no seu "The Decent Society", que foi sem dúvida um dos livros mais bonitos que li). Claro, sabemos que o que é "digno"/"decente" é elástico e historicamente manipulável. Mas há mínimos sobre os quais podemos chegar a acordo que protejam os mais fracos.
6. Numa variante mais radical, podes argumentar que, por A ser "capaz" (para usar a tua linguagem, e aqui tinhamos de perceber de onde vinha esta capacidade (inata ou adquirida, se adquirida então em que contextos, etc. etc.)), então tem uma dívida para com os incapazes, do género "Power equals responsability". Eu identifico-me bastante com esta fórmula, mas depois haveria nuances empíricas a discutir.
Et c'est ça, assim em cima do joelho.
Depois continuamos, se replicares.
abraços
Hugo
se a tua resposta foi em cima do joelho...:)
é uma excelente resposta, muito completa e, de momento pouco tenho para replicar
penso que, em última análise, pelo menos em certas circunstâncias, apenas critérios morais permitem justificar políticas redistributivas (mas parece-me que também estás de acordo com isto) e, por outro lado, embora os critérios "eficientistas" tenham uma particular força, pois que se colocam no próprio terreno moral dos críticos das políticas redistributivas, encerram precisamente esse "perigo": o de se movimentarem num terreno moral pantanoso em que a qualquer momento podem deixar de ser válidos
abraço
timshel
Olá,
Sim, a estratégia tem de ser jogar nos dois tabuleiros (o empírico e o normativo), de preferência com uma mão a saber o que a outra faz :). E em última instância (para falar no velho jargão marxista), sim, o normativo é o mais importante - mas é também aquele onde é mais complicado chegar a acordo. As discussões filosóficas podem não chegar a grande lado em termos do convencimento da outra parte (partindo do principio que não se pretende apenas pregar aos convertidos :)), sobretudo quando lidamos com posições mais radicais, do estilo aquela que procede a uma "naturalização" e "absolutização" dos direitos de propriedade; a partir daqui há uma necessária bifurcaçao: ou aceitas a assunção ou então não aceitas e a conversa arrica-se a não poder continuar (no passado já era assim com a definição de "exploração" do marxismo: ou aceitas, e compras o pacote restante, ou não e tens que seguir todo um outro caminho).
Apesar da incerteza e da contingência do trabalho ciéntífica, a análise teórico-empírica é ao mesmo tempo mais aberta à diversidade do objecto estudado (não precisamos de absolutizar nada, há imensas nuances) e onde é maior a exigência da produção da prova (ela própria difícil de conseguir).
E, bom, sobretudo, a análise empírica está mais perto da "policy" - where the action is! - que, afinal de contas, é o que mais me atrai.
abraço,
Hugo
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