Talvez muita gente fique escandalizada por causa disto. Mas convém lembrar que em Portugal é, se os dados comparativos servem para aprender alguma coisa, o país onde mais se usa o instrumento da retenção - que sabemos ser um primeiro passo para o abandono escolar (ver figura, primeira coluna "Taux de retard aux 14 ans", que mede precisamente a percentagem de alunos que nessa idade já repetiram pelo menos um ano - Portugal tem o valor mais elevado dos países europeus em comparação; dados provenientes rede Eurydice, 2003, reproduzidos em Marcel Crahay, Peut-on lutter contre l'échec scolarie?, Bruxelas, De Boeck & Larcier, 3ªedição, 2007, p.45).
Talvez muitos protestem contra a ideia "escandalosa" de promoção automática, mas a verdade é que a promoção automática está institutucionalizada em vários países europeus, em particular nos nórdicos, onde praticamente ninguém fica pelo caminho até ao fim da escolaridade obrigatória (9, 10 ou 11 anos, consoante os países). Estes sistemas não são facilitistas; os seus alunos estão geralmente muito bem classificados nos testes internacionais do PISA. A diferença é que estes sistemas estão organizados de forma a fazer tudo para manter os alunos na escola e recorrer à retenção só em casos excepcionais.
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